Ruben Amorim assume que o Manchester United não está, "nem de perto, no ponto" em que deveriam estar, na sequência da derrota sofrida na recepção ao Everton, adversário que jogou mais de 70 minutos reduzido a dez unidades.
Frustração, desilusão". Foi, desta simples maneira, que Ruben Amorim explicou, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, os sentimentos que o assolaram, na sequência da derrota sofrida perante o Everton, em pleno Old Trafford, por 0-1, numa partida em que o Manchester United jogou mais de 70 minutos em vantagem numérica, devido à expulsão de Idrissa Gana Gueye.
Logo ao 13.º minuto, o internacional senegalês perdeu as estribeiras e agrediu o companheiro de equipa, Michael Keane, pelo que o árbitro, o inglês Tony Harrington, não hesitou em exibir-lhe o cartão vermelho direto. Um confronto no qual os red devils deveriam pôr os olhos, na opinião do treinador português, apesar das consequências.
"Discutir não é uma coisa má. Discutir não significa que não gostem uns dos outros. Discutir é a mesma coisa que dizer 'Perdes a bola e eu vou discutir contigo, porque vamos sofrer um golo'. Essa foi a minha sensação. Eu não concordei com aquela expulsão. Podemos discutir com companheiros de equipa", começou por afirmar.
"Sei que foi um conteúdo violento, o árbitro explicou, mas não concordo. Eu espero que, quando os meus jogadores perderem a bola, discutam uns com os outros. Não podem fazê-lo ao ponto de dar expulsão, mas é uma sensação boa, não é má", acrescentou, antes de elogiar a maneira como os toffees souberam reagir a esta adversidade.
"Penso que eles foram a melhor equipa. Contra 11, defenderam muito bem, com dez jogadores, durante 70 minutos, por isso, penso que merecemos perder. Não jogámos bem, não jogámos com a intensidade certa. É isso", lamentou.
"Tenho medo do regresso desta sensação da última temporada"
Este desaire colocou um ponto final num ciclo de cinco jogos no qual o Manchester United foi capaz de permanecer imbatível, mas, na opinião do ex-Sporting, os problemas estiveram sempre lá: "Eu sei em que ponto estamos, neste momento. Tive sempre essa sensação, durante esta série de jogos. Falei sempre sobre isso. Não estamos, nem de perto, no ponto em que devíamos estar para lutar pelas melhores posições do campeonato. Temos muito trabalho pela frente, e temos de ser perfeitos, para vencer jogos. Não fomos perfeitos, hoje".
"É minha responsabilidade explicar o jogo, e, hoje, não foi um erro de um jogador, foi a equipa. Quando vemos os resultados do fim de semana, deveríamos entrar em campo com um entusiasmo diferente. Isso é a minha sensação, não importa se alguns estão a jogar bem e a fazer bons passes. Old Trafford estava lá, a dizer que estávamos todos lá para dar um grande passo em frente, e senti que não estávamos preparados", prosseguiu.
"Nestas cinco semanas, toda a gente elogiou a nossa evolução, e eu disse sempre o mesmo. Não estamos, nem de perto, próximos do momento em que deveríamos estar, neste clube (...). Eu tenho medo do regresso desta sensação da última temporada. Essa é a minha maior preocupação, por isso, temos de trabalhar juntos, vamos trabalhar juntos. Os jogadores estão a tentar, mas temos de ser melhores. Temos treino, amanhã, e vamos preparar o próximo jogo", rematou.
Ausências de Matheus Cunha e Benjamin Sesko "não passam de uma desculpa"
A terminar, Ruben Amorim rejeitou justificar este resultado com as ausências dos lesionados Matheus Cunha e Benjamin Sesko: "É claro que quando tens mais jogadores com caraterísticas diferentes, especialmente, com as caraterísticas do [Matheus] Cunha ou do Ben [Sesko], tens mais opções para marcar golos, especialmente, contra blocos baixos, onde não há espaço. Mas isso não passa de uma desculpa".
"Nós tínhamos jogadores em campo e até podíamos ter perdido o jogo, mas com uma intensidade diferente, teríamos percebido o momento do jogo, quando a outra equipa lutou entre si mesma e viu um cartão vermelho. Penso que não percebemos os momentos do jogo, durante os 90 minutos. Isso é culpa minha, tenho de ser melhor a explicar aos jogadores como jogar em cada situação do jogo. Penso que eles começaram o jogo com uma intensidade diferente, e isso foi muito duro para nós", concluiu.
