Cristiano Ronaldo vai, afinal, poder marcar presença nos primeiros dois jogos de Portugal no Mundial2026, mas a decisão da FIFA, em aplicar uma pena suspensa ao craque português, está a gerar muita polémica um pouco por todo o mundo. É o caso de Inglaterra, com Darren Bent, antigo internacional inglês, a questionar a decisão, fazendo uma ligação direta ao recente encontro de CR7 e Gianni Infantino, presidente da FIFA, na Casa Branca, num jantar organizado pelo presidente dos EUA Donald Trump.
Na antena da talkSPORT, na tarde de terça-feira, Bent foi questionado por Andy Goldstein sobre o facto de Nicolás Otamendi (Argentina) e Moises Caicedo (Equador) terem de cumprir um jogo de suspensão e acabou por dizer que a FIFA protegeu Ronaldo.
"Eu preciso de saber as razões pelas quais fizeram isto. Se fores o Otamendi, ou o Caicedo dizes: 'Espere lá um segundo, isso não está a acontecer. Não tem sentido ele não ser suspenso e eu ser'. É absolutamente nojento. Não é bom de ver", começou por dizer Bent, prosseguindo.
"Nós todos vimos a selfie dele, sei que ele estava na América, no evento de Trump, a jantar e tudo mais. E acho que ele estava lá com o presidente da FIFA, também. Será podemos confiar neles [FIFA]? Se isso tivesse sido o caso de Messi, eles teriam feito a mesma coisa. São os únicos dois jogadores a quem é permitido fazer isto. Eu entendo por que eles fizeram isto, mas não concordo nem um bocadinho. A razão pela qual eles o fizeram é porque Ronaldo vende bilhetes", argumentou o antigo avançado, agora com 41 anos, que vestiu a camisola de Tottenham, Ipswich ou Derby County.
Confrontado com a teoria de que Portugal se torna numa equipa mais temível sem Cristiano Ronaldo no onze titular, Darren Bent apontou para a falta de rendimento do avançado de 40 anos no Euro2024, mas não deixou de apontar para a popularidade de CR7 junto dos adeptos.
"Do que vi no Euro [2024], e eu cobri muito Portugal, ele não oferece nada. Mas quando ele vai para o aquecimento... Andy, eu juro... Eu nunca vi Messi, e espero que consiga vê-lo no Mundial, mas ver o Ronaldo quando ele sai para o aquecimento. A quantidade de câmaras apontadas para ele fazer qualquer coisa, mesmo quando ele está a rematar à baliza... É como se alguém tivesse marcado golo", confessou Bent.
Darren Bent voltou, no entanto, a insistir que é injusto para outros jogadores, que vão estar no Campeonato do Mundo, terem um tratamento desigual comparado com Cristiano Ronaldo.
"Estamos a falar de ética e de como as coisas devem ser bem feitas. Há outros países a tentar ganhar o Mundial e a Argentina vai defender o título. Há pessoas com tratamento especial. Vejam Otamendi, não importa se seja titular ou jogador de equipa, ele não vai estar disponível porque está suspenso por castigo", rematou o antigo ponta de lança inglês.
Também o apresentador britânico Andy Goldstein afirmou ser "uma absoluta vergonha" o facto de Cristiano Ronaldo ter escapado a um castigo por conduta violenta e disse não perceber como a "FIFA pode pensar que é uma boa ideia".
Afinal, o que decidiu a FIFA?
Segundo o acórdão do Comité Disciplinar da FIFA, ao qual a agência Lusa teve acesso na terça-feira, Cristiano Ronaldo foi sancionado por três encontros, após ter sido expulso com cartão vermelho direto na derrota na República da Irlanda (2-0).
No entanto, os últimos dois dos três jogos têm execução suspensa por um período de advertência de um ano. Significa isto que Cristiano Ronaldo, que já cumpriu um jogo de castigo, frente à Arménia (9-1), poderá alinhar nos primeiros dois jogos da seleção nacional no Campeonato do Mundo que vai decorrer nos Estados Unidos da América, Canadá e México no verão de 2026.
