Autor de dois golos que 'sentenciaram' o jogo, aos 79 e 83 minutos, após substituir, aos 61, Pierre van Hooijdonk, que tinha inaugurado o marcador na primeira parte (41) de grande penalidade, antigo internacional português viveu momentos "agridoces" nas horas que se seguiram.
"Vivemos um momento importante, do ponto de vista desportivo, que foi uma grande vitória sobre o eterno rival e, depois, aquela notícia que nos deixou a todos surpreendidos e bastante perplexos", recordou João Tomás, em declarações à agência Lusa.
O resultado do dérbi, disputado em 03 de dezembro de 2000, precipitou, além do pedido de demissão de José Mourinho, no Benfica, o despedimento, no Sporting, de Augusto Inácio, que meses antes tinha colocado um 'ponto final' no 'jejum' de 18 anos sem títulos de campeão nacional dos 'leões'.
Ato contínuo, começaram a sair notícias de uma possível mudança de José Mourinho para o Sporting, algo que, para os jogadores, "nunca constou que estivesse concretizado", como mais tarde veio a ser confirmado por várias pessoas envolvidas no processo.
"Para nós, não passaram de rumores, porque, realmente, não houve confirmação e o 'mister' acabou por não treinar mais ninguém até ao final do ano e ingressou na União de Leiria na época seguinte. Lembro-me de que houve alguma informação nesse sentido, mas não foi algo que nos dissesse respeito", desvalorizou João Tomás.
A primeira passagem de José Mourinho pelo Benfica saldou-se por apenas 11 jogos, suficientes para se perceber que "era claramente um treinador diferente", mas o antigo pupilo do técnico que conquistaria duas Ligas dos Campeões, ao serviço do FC Porto e do Inter Milão, mantém reservas sobre se o futuro 'special one' já era um técnico "diferenciado" nessa altura.
"É evidente que se transformou, em determinado momento, num dos melhores do mundo, considerado até, por vezes, o melhor do mundo. Quando nós o apanhámos, seguramente, não era. Era um treinador principal a iniciar uma carreira e, depois, transformou-se no fenómeno que todos conhecemos", ressalvou o avançado que representou os encarnados entre 1999 e 2001, com 20 golos em 46 partidas.
Ainda assim, Mourinho "já tinha aquela capacidade comunicacional que, depois, foi aperfeiçoando", segundo o seu antigo pupilo.
"Acho que já era notória, típica de uma pessoa extremamente inteligente. Faz parte da génese dele, é uma pessoa bem formada, com uma grande capacidade, por isso, nada surpreendente", resumiu.
Questionado pela agência Lusa sobre a abordagem que 'Mou' poderá fazer ao dérbi de sexta-feira, João Tomás não teve dúvidas que estará "altamente motivado" e "a motivar os seus jogadores de forma muito metódica e organizada para ganhar" ao Sporting.
O Benfica entra em campo em terceiro lugar, com uma desvantagem de três pontos para o Sporting, que é segundo classificado, e de seis para o líder, o FC Porto, diferenças que podem passar a ser de seis e nove pontos, respetivamente, caso os 'encarnados' percam e os 'dragões' vençam o seu encontro da 13.ª jornada, no terreno do Tondela.
No entanto, João Tomás valoriza mais o peso emocional que uma derrota no dérbi pode representar do que a diferença de pontos que daí possa resultar.
"O peso emocional de uma derrota num dérbi é sempre importante. No caso do Benfica terá um peso maior, devido às circunstâncias da classificação. Vai ser um jogo equilibrado, [entre] duas boas equipas, e o Benfica, a jogar em casa, poderá ter alguma dose de favoritismo", analisou.
O Benfica recebe o Sporting na sexta-feira, em partida da 13.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol com início previsto para as 20:15, no Estádio da Luz, em Lisboa.
Será o segundo dérbi da carreira de José Mourinho ao serviço dos 'encarnados', que saiu vencedor, por 3-0, na primeira vez que defrontou o Sporting como treinador principal, em 2000, na sua primeira passagem pelo comando técnico dos 'encarnados'.
